quarta-feira, 16 de setembro de 2020

AGRICULTOR SE REVOLTA COM A IMPRENSA BRASILEIRA E DESABAFA...

UMA NOTA DE REPUDIO AOS JORNALIXOS DO BRASIL



Sou produtor rural no MT e venho aqui, repudiar publicamente a conduta de alguns órgãos de imprensa, políticos e organizações ambientalistas. 

Após passar um bom período sem assistir o Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, ontem (14/09/20), resolvi ver o que falavam dos incêndios no Nordeste do Mato Grosso.

Infelizmente fiquei indignado, ao ver que o nosso é chamado de queimada e o da Califórnia de incêndio.

Durante 1 semana nós produtores rurais, lutamos contra um incêndio descontrolado, que se iniciou de forma acidental, após um arame se enrolar num equipamento agrícola e provocar uma fagulha dentro de um pasto com capim muito seco. 

Este incidente, começou no dia 08/09 por volta das 10:00h da manhã, um horário que tem muito vento na região, nesta época do ano, e assim virou um incêndio que destruiu as pastagens de 5 fazendas inteiras, mais de 10 propriedades de pequenos produtores, rurais de um assentamento do incra e por fim 1.500ha da minha propriedade aonde aparentemente conseguimos conter.

Esta operação, de combate a este incêndio, envolveu mais de 50 pessoas, trabalhando diariamente das 4:00h am às 1:00h am do dia seguinte. Trabalhadores das fazendas envolvidas e de outras da região, com enúmeros equipamentos, todos particulares.

Não teve nenhuma participação de ONGs ambientalistas e nem de órgãos governamentais, aliás este último só apareceu para fazer um relatório da área atingida.

Me revoltei, ainda mais, após ter tido que passar meu aniversário, longe das minhas filhas, correndo para combater o fogo e salvar minhas criações, ao ver um "técnico" falar que estes incêndios na maioria são provocados por produtores que fazem desmatamento ilegal para criarem pastagem, provocando assim uma interpretação errada na opinião pública. 

A reportagem, ainda deu ênfase a um incêndio que está ocorrendo na reserva do Xingu-MT, mostrando imagem do fogo queimando casas de índios, de uma forma  que não deixou claro ao público, que os dois incêndios são independentes e que mesmo na mesma região tem uma distância de 60km.

Outra informação não passada, é que desde o início da pandemia, a reserva do Xingu-MT, 

foi fechada para tráfego, a fim de proteger os índios que lá vivem, e que este fogo não se iniciou numa propriedade rural e entrou no parque, mas sim se iniciou no parque e agora começa a ameaçar as propriedades que fazem fronteira com o parque. Por qual motivo, a informação passada não teve estes detalhes divulgados? Para não deixar o público, interpretar que o incêndio no parque, provavelmente pode ter sido  provocado pelos próprios índios? De forma acidental ou proposital? Eu mesmo ainda não tenho esta informação. 

Ontem, após termos aparentemente, controlado o primeiro incêndios, nós produtores rurais, nos deslocamos com os equipamentos para conter o incêndios do parque. 

Por que esta informação, também não foi divulgada? Cadê as ONGs, que são abastecidas com recursos estrangeiros? Cadê os órgãos de defesa ambiental? 

Nosso trabalho é colocado embaixo do tapete, e esta imprensa  suja, que tenta politizar tudo, nos humilha e denigre nossa imagem. 

Há muitos anos, não há abertura de novas áreas de pastagem aqui na região, na realidade o que existe é recuperação de APPs e reservas legais, e transformação de pastagens em campos de lavoura. Somos vigiados por satélite, diariamente,  nossas propriedades são legais e o nosso CPF está nos cadastro do CAR (Cadastro Ambiental Rural) de cada propriedade. Ainda teremos, sem nenhum recurso do governo ou ONGs, de recuperar todas as estruturas atingidas, lembrando que aquí 80% de cada propriedade devem ser de proteção ambiental, refazendo as cercas que  protegem estas áreas também. 

Por fim, apenas peço aos órgãos de imprensa do nosso país, que divulguem a informação clara, sem provocar interpretações erradas.

Nós, produtores rurais, estamos sustentando este país há muito tempo e somos desrespeitados, por uma parte de vocês. 

(Carlos Eduardo Souto, produtor Rural)

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